quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Ciclos

Ciclos, começos e recomeços marcados por eventos, ou eras. 
Uma órbita em que a volta não significa estar no mesmo lugar de novo, 
porque sempre vem o novo.

Carlos Bianchi de Oliveira
Rio de Janeiro, 02 de dezembro de 2015.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Marcas



Vejo o caminhar lento
E a voz já cansada,
A memória que se evade.

Vejo o olhar já não atento,
E a pele fina quase sem vida
A revelar o peso penoso da idade.

Vejo os fios descoloridos
E o dorso encurvado para o solo
A anunciar a chegada do descanso involuntário.

Vejo, enfim, o silêncio dos esquecidos
E a transformação do sábio em tolo
A fazer do tempo um amigo imaginário.

Carlos Bianchi de Oliveira
Rio de Janeiro, 31 de outubro de 2015

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Chega

Chega um momento
Em que tentamos achar um sentido
Para o que preservamos no tempo vivido
Como valor que perde seu encanto.

Chega um tempo
Em que nos perguntamos
O quanto de um caminho percorremos
Sem entender a razão para tanto.

Chega uma hora
Em que não sabemos
Se o certo é ficarmos
Ou irmos embora.

Chega uma fase
Em que ser criança ou adulto
É uma questão que de fato
A própria vida estabelece.

Chega um instante
Em que descobrimos que
Muito pouco sabemos porque
A ignorância se torna aparente.

E aí percebemos que sempre chega
Mais cedo ou mais tarde vem,
E isso nem sempre nos convém
Quando a luz deixa enxergar menos do que cega.

Carlos Bianchi de Oliveira
Rio de Janeiro, 05 de outubro de 2015

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Gente (Crônicas)

Organizado por Christina Ramalho e J. G. Pascale e publicado pela Oficina Editores (RJ, 2015), Gente (crônicas), como o título anuncia, reúne textos que abordam, no lirismo e na graça do cotidiano, “gente” de todo tipo envolvida nas mais diferentes circunstâncias. Oriundos de diversas localidades brasileiras, Ana Cristina Abrantes, Beto Vianna, Carlos Bianchi de Oliveira, Carmem Drumond, Christina Ramalho, Cristina Monteiro, Ethel Naomi, Éverton Santos, Flávio Passos, Janaína Moreno, J. G. Pascale, João Paulo Santos Silva,Jonaza Glória dos Santos, Karina Achôa, Lourdes Santana, Luciana Almeida Santos, Luiz Otávio Oliani, Márcia Leite, Márcio de Lima Dantas, Mozart Carvalho, Najó Glória dos Santos, Sebastião Paz e Sérgio Gerônimo se fazem porta-vozes de um mosaico de tipos que pode ser, afinal, lido como uma grande síntese da mistura que caracteriza a “gente brasileira”.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Sensações

Um instante, uma vida,
Um fato, um ato, um gesto,
E tudo fica sem resposta,
Não precisa, não é necessária

Basta apenas o sentir,
O despertar da memória,
Para alimentar a alma
Trazendo a calma serena

A contemplação indecifrável
De uma eterna lembrança,
Que do nada emana
E resgata o momento passado
Fazendo-o vivo, presente.

Carlos Bianchi de Oliveira
Rio de Janeiro, 27 de maio de 2015

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Noite Prematura

O vento forte anuncia
Que o poderoso Sol tão distante
É incapaz de impedir que no horizonte
A nuvem escura transforme em noite o dia.

Carlos Bianchi de Oliveira
Rio de Janeiro, 08 de abril de 2015

Mudança

Hora da mudança,
O que vai e o que fica,
Afinal, é uma questão de escolha.

Carlos Bianchi de Oliveira
Rio de Janeiro, 7 de abril de 2015

terça-feira, 31 de março de 2015

Outra Chance



Uma vez mais, apenas uma vez.
A chance perdida diante da vida
Transformando o certo agora em talvez.

Será que a sorte ainda sorri?
Será que o erro pode ter seu enterro?
Que descanse em paz para a esperança florir.

E como ter paciência no infortúnio
Se os estragos estão em campos largos?
Uma passagem escura em solitário túnel.

Sim, somente isto é o que resta,
A dor, o lamento, o vazio em eterno tormento
A cobrir de ausência a tão desejada resposta.

Carlos Bianchi de Oliveira
Rio de Janeiro, 25 de março de 2015

Tornado



Ainda estranho sobremaneira
Como em um rompante momentâneo
A cegueira destrói anos de edificação.

Tijolo por tijolo, erguida por inteira
Sobre uma base não visível
A ausência de terrível solidão.

Imagina-se sua solidez
Pela beleza arquitetônica
E pela resistência à passagem do tempo,

Mas tudo se desmorona de vez
Diante da impulsiva e trágica
Devastação envolta de turvo pó.

Escombros, restos inutilizáveis
De uma vida que foi ao chão de repente,
Construída outrora com suor e tolerância.

Fica a expectativa de um talvez,
A esperança de se edificar tudo novamente,
Outra matéria de mesma essência.

Carlos Bianchi de Oliveira
Rio de Janeiro, 25 de março de 2015