terça-feira, 28 de maio de 2013

Espelho

Decida de uma vez
O que você quer da vida.
Olha no meu olho e fala...
                                            Fala,

O que te causa essa acidez
Que te faz uma pessoa reprimida,
Indecisa, reticente, hesitante. Diga...
                                                                Sim, diga,

Que maldição é essa que você guarda no peito,
E te faz se sentir um animal acuado,
Que entrega o jogo sem luta. Explica...
                                                                   Vai, explica,

Que eu quero te entender por completo,
E libertar você desse sorriso emoldurado,
Frio, artificial e distante. Tente...
                                                         Anda, tente,

Arranca de dentro essa voz contida,
Esse eu verdadeiro que aí habita.

Deixa que todos saibam, em nome da felicidade,
Quem é você de verdade.
.

Carlos Bianchi de Oliveira
Aracaju, 28 de maio de 2013

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Raiar de Um Novo Dia


Manhã no campo verdejante,
Espreguiço o corpo com o prazer do despertar.
Os raios do Sol tornam tudo brilhante
E vem de dentro uma vontade louca de cantar
Aquela canção que fala da beleza das coisas
Que a natureza nos oferta de suas essências.

Cheiro gostoso de mato orvalhado,
Café quentinho e pão saboroso à mesa.
O tempo passa num compasso menos acelerado,
E uma calma incomum minha alma suaviza.

O ar puro invade meus alvéolos pulmonares
Como se a vida estivesse sendo renovada
Pela pureza do oxigênio emanado das árvores
E a alegria dos pássaros em revoada.

O colorido em movimento constante
Faz da arte criativa de Deus uma obra-prima
E cada dia nesta comunhão é um presente
Que a minha alma reanima.

Ouço o som da vida em abundância
A me dizer que devo ser feliz.
Reverbera em busca de ressonância
Essa voz de Deus que isso me diz.

Sim, viver é bom demais
Quando estamos de fato em paz
E interagimos com a natureza
Ao aceitar de cada dia suas incertezas.

Carlos Bianchi de Oliveira
Rio de Janeiro, 09 de maio de 2013

Vítimas da Violência

"Por causa do aumento do que é contra a lei, o amor da maioria se esfriaria." - Jesus, em Mateus 24:12.

Vidas banais perdidas em manchetes de jornais,
Histórias rompidas e lágrimas vertidas
Pela dor que não cala um segundo
Por causa da maldade crescente neste mundo.

Bandidos impunemente drogados
Roubam mais do que os bens levados,
Roubam paz, dignidade e futuro,
Deixando ao que era luz um profundo escuro.

Mulheres violentadas têm seu corpo ultrajado,
Ficando assim acorrentadas ao monstro do passado.
Sentem-se sujas, indignas e mortas
Sem que para isso haja respostas.

E as crianças? meu Deus, as crianças?!
Idefesas vítimas de roubadas infâncias.
Pobres meninos e meninas em plena formação
Vítimas da insana cobiça do estranho, do avô, do pai, do tio, do irmão.

Quem é esse que pratica o que é mau?
Aquele que ri debochadamente do valor da vida
E é pior do que o mais temido animal,
Porque possui uma mente moralmente corrompida.

O homem que espanca a mulher indefesa,
O pai e a mãe que descarregam a ira no filho,
O governante que se promove na pobreza,
E o covarde que por ciúmes desfere o golpe ou aperta o gatilho.

A violência aumentada o coração caleja
Por isso, o olho alheio não mais lacrimeja,
O que raro era, agora prospera
O que não se tolerava, não mais se reprova.

Que mundo é este, meu Deus?
Em que nos transformamos afinal?
Como dizer que somos filhos seus,
Se nada de puro resta ao homem mortal?

Somos vítimas de nós mesmos,
Do mal que libertamos com voracidade,
Da ideia clara que a cada dia vemos
De que somos reféns da impunidade.

Carlos Bianchi de Oliveira
Aracaju, 29 de abril de 2013