terça-feira, 13 de novembro de 2012

Terno Afeto

Descansar suavemente minha mão na tua.
Deixa esse instante sereno que a voz cala
Mostrar o terno afeto que o tempo perpetua.

Deixa-me perceber cada detalhe do teu sorriso,
Sentir somente a tua doce e amável presença.
Hoje, isto é tudo o que eu mais preciso:
Estar ao teu lado como uma frágil e carente criança.

Deixa-me eternizar na memória
O movimento lento dos teus olhos,
Ao se abrirem em busca de uma história
Que mantenha neles múltiplos brilhos.

Deixa-me sentir a leveza do teu rosto
No encanto que esta paz transmite.
Diante de tudo o que vivemos e do que está posto,
Deixa mais uma vez que o meu amor te conquiste.

Então, deixa, por favor, que esta contemplação sublime
E silenciosa da essência intensa e verdadeira da tua alma
A minha condição mendicante de afeto anime,
E resgate em mim um pouco do que a poesia reclama.

Carlos Bianchi de Oliveira
09 de novembro de 2012

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Marcas do Tempo


Trago em meu rosto a história
De toda uma vida que se passou,
Mas que permaneceu retida na memória.

São marcas, impressões do que fui,
Inacabadas pelo que ainda sou
Nesse ato contínuo que ainda flui.

Veja este meu sorriso cansado,
Sobrevivente da dor de outrora,
Carregando consigo o peso do enfado.

Ele permanece assim reprimido
Pela lágrima que não chora
Para que o eco do passado não seja então ouvido.

E esta minha expressão serena
É na verdade a consciência das razões relativas,
Pois nenhuma existência em si é plena.

Chamam a experiência de sabedoria,
Mas os conselhos são tolas tentativas
De conter a falsa liberdade que se cria.

Por fim, cada um produz em si as suas linhas.
Eu tenho então este mosaico de mim:
Imagens das imagens que nunca estão sozinhas.


Carlos Bianchi de Oliveira
7 de novembro de 2012