quinta-feira, 12 de julho de 2012

Caminhante



Que grande ironia é o nosso caminhar
Pela estrada do tempo fugaz
Em que é impossível parar
Porque o chão que nos sustenta
Continuamente se movimenta
E deixa tudo para trás.

No entanto, o passado
Não se perde no caminho
Pois por nós é resgatado
Pelas lembranças que o coração alimenta,
Porque delas se sustenta,
E nelas faz o seu ninho.

Mas a caminhada permanece
Enquanto há pulsar de vida.
Contudo, de tudo que acontece
Muito pouco se retém e acumula
Do aroma que o viver exala
Quando a noite é interrompida.

Seguimos nosso destino
Até que a caminhada se acabe.
Velho, moço ou menino,
Não importa, pois sempre será breve
O peso que um dia fica leve
Quando a terra mãe enfim nos recebe.


Carlos Bianchi de Oliveira
12 de julho de 2012

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Amizade



Qual é o valor de uma grande amizade?
Responda aquele que já sentiu saudade.
Aquele que recebeu um ouvido atento
E, para a própria dor, um terno alento.

Responda aquele que tem a casa vazia
E não compartilha nenhuma alegria
Porque não há a quem relatar
O seu solitário e insípido caminhar.

Responda também aquele que não se deu.
Que com avareza seu sentimento escondeu
Porque não confia na honestidade,
Rejeitando a mínima proximidade.

Responda aquele que ficou ofendido
Pela verdade dita de um jeito indevido
Por alguém que, embora sincero,
Acrescentou: "O teu mal, amigo, eu não quero."

Responda quem um dia
Acreditou que tudo perdia
E do chão da dignidade foi levantado,
Sem jamais por isso ter sido cobrado.

Responda aquele que pôs fim à planta
Ao sufocá-la por água tanta
Ou pela ausência de cuidado
Até o ramo ficar totalmente ressecado.

Responda, por fim, aquele que um dia foi traído
Com um beijo fraterno fingido
Ou com uma súbita e covarde apunhalada,
Que jamais será cicatrizada.

Responda, sim, responda amigo com sinceridade:
Qual é o valor de uma grande amizade?

Carlos Bianchi de Oliveira
6 de julho de 2012

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Pensamentos


Nas tardes tardias
Os pensamentos se perdem.
Esgotados, suplicam
O merecido descanso.

Há um vazio,
Um lapso de lucidez.
Nas tardes tardias,
Como chuvas temporãs,
A essência dos pensamentos
Se desfez.

Carlos Bianchi de Oliveira
18/01/2010